sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Jackie Brown

Dizer que Jackie Brown é um clássico parece até redundância. O problema é que o reggae no Brasil se desenvolveu de formas diferentes. De um lado, por incentivo das grandes gravadoras (EMI, Universal, Virgin, etc), que trouxeram o reggae para as lojas do Brasil (e até Bob Marley para uma aparição pública afim de propagar a música jamaicana no mercado brasileiro). Porém, o mercado selecionou um número limitadíssimo de cantores para apresentar aos ouvidos do Brasil (Além de Bob, Jimmy Cliff, Eddy Grant, UB40, Third World, Alpha Blondy, etc). Artistas que, trocando em miúdos, não representam tão bem a musicalidade original jamaicana. Por outro lado, o reggae entrou de maneira bem mais informal e marginal no Norte/Nordeste do país. Por meio de contrabando (via Cayena) chegou até Belém e São Luís, certa vez, alguns discos jamaicanos vindo junto de lotes de discos caribenhos (mambo, salsa, etc) destinados à festas de musica latina e popular, as radiolas. No começo não se sabia bem o que era aquilo, mas com o tempo São Luis fez do reggae parte integrante da cultura popular. Sem o amparo do mercado (ainda bem), os maranhenses puderam pegar os mais diversos discos, livremente. E aí, o reggae aconteceu por si só. Sem depender de mídia de massa, programas de auditório, etc. Logo vieram, então, os clássicos, não aqueles que o comércio impõe (e que os críticos chatos defendem), mas os preferidos de gente simples, que tem por critério a capacidade da música de tomar o corpo e fazer dançar.

Cerca de 4 mil pessoas esperavam ansiosas no aeroporto para ver, pela primeira vez em São Luís, Jackie Brown. Ele sequer acreditava que aquelas pessoas estavam ali pra lhe ver, mas o sucesso foi confirmado com os shows pelo estado, arrastando, às vezes, 20, 25 mil pessoas. A maioria, seduzida pela encantadora voz de Jackie, um meio termo entre a sonoridade do Calypso/Mento, a formação gospel e, ainda, a influência do Soul.

O cd foi lançado (não-oficialmente) no Brasil. Na verdade, é uma coletânea feita pelos maranhenses Jofran e Jr Black vendida em poucos lugares, deixando dúvidas sobre o respeito aos direitos fonográficos. Mesmo assim, a seleção não podia ser melhor, traz alguns dos grandes sons de Jackie da década de 70.

By: Canuto Lion

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