domingo, 24 de agosto de 2008



A história de Vincent Martin - Ídolo dos Rude Boys e inimigo N°1 da polícia Jamaicana

A violência sempre esteve presente na cultura jamaicana. É uma ilusão a idéia de paz que foi criada e enraizada em torno dela. Onde a idéia criada é de muita tranqüilidade e paz, o que nem sempre foi assim. O que diria Vincent Martin, que viria a ser o inimigo número um da policia Jamaicana e um ídolo da população e dos Rude Boys, que era uma turminha que não se interessavam muito por letras de Jah, Peace and Love.

Quando Martin chegou a Kingston, em 1934, a bordo de um pau-de-arara, aos 14 anos de idade, ele não imaginava transformar-se em um dos personagens mais importantes – ainda que por razões nada santas – da história Jamaicana

Martin, Nascido no condado de ST. Parish, em 1924, decidira mudar-se para a capital, como tantos outros jovens, em busca de melhores condições de trabalho. Ele optou, porém, por um atalho perigoso e acabou no mundo do crime, e ainda o glamourizando. Depois de cometer pequenos roubos, nos quais invariavelmente feria sua vítima com armas brancas, e se envolver com a pior escória dos guetos de Kingston - onde ganhou o apelido que o tornaria famoso, “Rhygin” -, ele acabou preso em 1948 e foi condenado, por algumas boas décadas, a ver o sol nascer quadrado na penitenciária geral da Jamaica.

Mas não durou muito o aprisionamento de Rhygin’. Em abril daquele mesmo ano, ele fugiu da penitenciária, dando início a uma série de espetaculares confrontos com a polícia jamaicana.
Exibicionista e arrogante, ele não se preocupou em sumir da cena por um tempo após a fuga. Pelo contrário: em maio, distribuiu fotos suas pelos guetos da cidade. Como um Cowboy do Velho-oeste, Rhygin’ posou com duas pistolas, uma em cada lado da cintura.
Tanta ousadia irritou ainda mais a policia e teve efeito inverso nas ruas, onde Rhygin’ passou a ser encarado como um herói. Seus atos só contribuíram para aumentar essa dupla personalidade. Em setembro, ele foi descoberto pela polícia em um esconderijo num hotel em Hannah Town. Mais uma vez, Rhygin’ escapou da lei ferindo um policial e matando outro.
Reforços chegaram e apenas aumentaram o numero de policiais enganados por Rhygin’. Pior, aumentaram também a lista de suas vítimas, já que outro policial caiu morto ao tentar capturá-lo horas mais tarde. Aquele dia de cão, estrelado por um bandido que parecia ter o corpo fechado, terminou em Spanish Town, onde Rhygin’ atirou em três mulheres, furioso por não encontrar Eric Goldson, homem que o havia enganado antes de ir para a prisão. Uma das feridas era a namorada de Goldson.
depois disso Rhygi
n’ sumiu na fumaça por seis semanas. Durante esse período, os nervos dos policiais estiveram à flor da pele. Não era apenas uma questão de honra prender Rhygin’. Com o passar do tempo, sua captura passou a ser também questão de ordem social. Afinal, crescia a popularidade de Rhygin’ nos guetos, onde volta e meia surgiam pintados de forma provocante: “Rhygin’ esteve por aqui. Mas já se foi”. Por conta disso, foi organizada uma verdadeira caçada humana ao inimigo n°1 da Jamaica. Ou melhor da polícia na Jamaica, porque o povo o via com muita simpatia.

Rhygin’ havia-se escondido em Lime Cay, ilha deserta nos arredores de Port Royal, cidade perto de Kingston. De lá ele pretendia pegar um barco e desaparecer para sempre da ilha, possivelmente rumo a Cuba. Sua sorte, contudo, não chegou à areia. Encontrado e cercado por quase um batalhão inteiro de policiais, Rhygin’, segundo a versão oficial, reagiu à voz de prisão e for morto a tiros. Muitos tiros. Pelo menos duas dezenas de balas foram encontradas no seu corpo.

A notícia correu rápida pela ilha e não demorou muito para que o cemitério de Kingston ficasse cheio de gente, a maioria formada por moradores dos miseráveis bairros de lata, todos dispostos a dar um último adeus àquele sujeito franzino que tinha desafiado as autoridades e tombado orgulhosamente. Disposta a enterrar o criminoso rapidamente, a polícia dispersou a massa com tiros para cima e cassetete para baixo. Chegava ao fim a era Rhygin’.

Mas para os Rude Boys era apenas um começo.

Essa história, verídica, foi retratada no filme “The Harder They Come” de 1971. Protagonizado pelo cantor Jimmy Cliff, que faz o papel de Rhygin’ sob o nome de Ivan. O filme é baseado na vida de Rhygin’, mas com uma mudança no roteiro, onde Ivan é um garoto do campo que é seduzido pelo brilho da cidade grande, onde decide tentar a sorte e é impedido pela sociedade corrupta de chegar ao sucesso prometido. O inconformismo e a vontade de vencer o fazem entrar pelo mundo do crime. É aí que as histórias se misturam, Ivan ganha fama como criminoso, e conseqüentemente passa a fazer sucesso na música e no crime. Não é à toa que o filme virou referência para Rude Boys e amantes da música Jamaicana.

O filme ainda tem números musicais quase inteiros com Toots and The Maytals cantando "Sweet and Dandy", o próprio Jimmy Cliff cantando a faixa-título entre uma trilha sonora impecável.

Don Drummond


Don Drummond was the man with the big Trombone....

Também conhecido como "Don Cosmic" nasceu em 1943 na capital jamaicana e assim como muitos outros jovens da periferia de Kingston estudou música na Alpha Boys School (que formou muitos dos grandes nomes da música jamaicana na época). Em 1954 foi escolhido como melhor trombonista da escola e em 1955 começou a tocar com Tommy Mc Cook e Roland Alphonso. Recebeu ainda suporte de Clement "Coxsone" Dodd, que tocava trechos seus em suas sound systems. Don Drummond havia passado por muitos hospitais psiquiatricos e nem sequer tinha um trombone, mas Coxsone estava muito impressionado com seus solos e sessões de trombone. Assim, em 1956 ele grava seu primeiro disco, chamado "On The Beach" com Owen Grey nos vocais.Em 1962 Chris Blackwell começou a relançar gravações jamaicanas na Inglaterra e muitas das composições de Don Drummond só viram a luz do dia pelas mãos dos selos Island e Black Swan. Don Drummond gravou mais de 300 músicas antes de morrer com apenas 27 anos.Em 1964, sob supervisão de Coxsone, o tecladista e diretor musical Jackie Mittoo começou a contratar os melhores músicos da Jamaica para criar um som que dominaria a cena musical local nos anos que se seguiriam. As sementes do Skatalites eram Jackie Mittoo ao lado de Johnny Moore no trompete e Lloyd Knibbs na bateria. Depois que o guitarrista Lynn Taitt e o saxofonista Tommy Mc Cook decidiram entrar na banda, Don Drummond se tornou pelas mãos de Jackie Mittoo o mais influente compositor e músico na banda. Em seu primeiro disco solo, "Don Cosmic" lançou as seguintes músicas "Confuscious", "Ringo", "Treasure Isle", "Eastern Standard Time", "Heavenless", "Occupation", "Meloncolly Baby", "Snowboy", "Elevation Rock", "Schooling the Duke", "Valley Princess", "The Reburial of Marcus Garvey", "Addis Ababa", "African Beat" e "Further East".Em 1964, "Man in the Street" entrou para o UK Top 10 e mais tarde em 1967, a adaptação de Don Drummond para o tema do filme "Guns of Navarone" rendeu a ele o seu segundo UK Top 10. Don Drummond não era só um gênio. Seu prestígio com os ourtos músicos começou como um sonho e se tornou uma história de esperança para qualquer garoto dos guetos que tocava música. Isso porém começou a trazer stress e problemas para Don Drummond. A pressão da fama junto a sua saúde mental que piorava cada vez mais seria uma bomba para a carreira do músico. Em 1965 foi achado o corpo de Anita Mahfood e Don Drummond preso como autor do homicídio. Após condenação e exames foi mandado para o asilo Belle Vue onde morreu em 1969, mas a história não termina aí. O baterista Hugh Malcolm rasgou o atestado de óbito do serviço funerário, se recusando a acreditar na história oficial. Assim como muitos na Jamaica, Malcolm acha que a morte de Don Drummond não foi suicídio. A teoria é que Don Drummond apanhou até sua morte, espancado por guardas, com o aval do governo que era contra a cena musical de West Kingston por anos e contra o crescimento rasta. Outra teoria inclui a contratação de gangsters por parte do pai de Mahfood. A história não é simples, são um conjunto de teorias que tentam desvendar esse caso, mas a verdade é que Don Drummond era um homem doente e juntamente com a pressão da fama vivia sua vida no fio da navalha. A história da sua vida e música é a típica história do gênio que termina em tragédia.Para terminar, as palavras de um homem que conheceu e trabalhou com Don Drummond, o grande Tommy Mc Cook, sobre o início do Skatalites:"O line up incluía Don Drummond. Ele era realmente fantástico tanto como compositor como instrumentista. Não tinha truques. Ele simplesmente pegava qualquer base de ska e transformava aquilo em diamantes."

Twinkle Brothers





Os Twinkle Brothers vieram da costa norte da Jamaica, dos guetos de Falmouth em Trelawny. Os dois irmãos, Norman e Ralston Grant começaram cantando no coral da igreja local e em pequenos concertos quando eram jovens, e também foi aonde aprenderam a tocar instrumentos, mesmo sem a condição financeira de comprá-los. Quando a Jamaica ganhou a independência no começo dos anos 60, eles começaram a participar de competições de verdade, como os festivais "Pop And Mento", ganhando diversos festivais nacionais. Ainda nos anos 60, se juntaram a uma banda também de Falmouth, chamada The Cardinals, que começaram a tocar em diversos clubes pela ilha. No final dos anos 60, decidiram ir à Kingston para fazer audições e tentar gravar. O primeiro a gravar foi Norman, com a musica "Somebody Help Me" pelo selo de Leslie Kong. A primeira música gravada pelo grupo todo foi "Matthew And Mark", pela Treasure Isle de Duke Reid. No começo dos anos 70, participaram de um festival, ficando somente atrás de Hopeton Lewis. Naquele tempo, gravavam pelo selo Jack Pot, de Bunny Lee, chegando a gravar por outros selos, inclusive o Upsetters, mas em 1970 criaram o seu próprio selo, chamado Twinkle. Possuem uma discografia invejável com inúmeros discos e compactos, com um disco e um vídeo ao vivo no festival Sunsplash e um álbum ao vivo na Polônia.

Do RootsGregory ao TecnoGregory

O inimitável Gregory Isaacs construiu ao longo dos últimos vinte anos uma das mais sólidas discografias do reggae, chegando a quase 400 lançamentos, entre LP's e compactos. Na época em que ele começou sua batalha rumo ao sucesso, cantando com o grupo The Concords, a Jamaica fervilhava musicalmente. Talentos não faltavam e a competição era selvagem. Mas a voz envolvente, o estilo e o carisma de Gregory fizeram a diferença. Seu primeiro LP solo foi 'Love is Overdue' (lançado no Brasil pela Eldorado - foto ao lado), que trazia a sua marca registrada: arrebatadoras canções de amor que fizeram dele o rei do reggae romântico. Sua voz deslizava suavemente pelos ritmos providenciados pela Soul Syndicate Band. Este disco foi lançado aqui no Brasil, assim como as coletâneas 'My Number One' e 'Willow Tree' e 'Looking Back' (a última a sair e compilada pelo próprio Gregory) com trabalhos da época. Outros discos da fase roots foram 'Extra Classic', com produções de Lee Perry, 'The Best of Gregory Isaacs', reunindo as produções de Alvin Ranglin, e a obra-prima 'Mr. Isaacs', gravada em 76. Gregory se firmou como um dos mais prolíficos compositores jamaicanos e sua popularidade se espalhou rapidamente.

Partiu então para vôos internacionais excursionando pela Europa e EUA, com muito sucesso. Dessa fase são os excelentes discos 'More Gregory' e 'Sly & Robbie presents Gregory Isaacs'. Em 82 Gregory se superou, atingindo seu auge com o LP 'Night Nurse', um ponto alto não só de sua carreira como do próprio reggae. Acompanhado pela super afiada Roots Radics Band ele mostrou que a perfeição pode ser atingida. Com a mesma banda Gregory fez shows antológicos, que levavam as platéias, especialmente as mulheres, ao delírio ' como pode ser comprovado em 'Gregory Isaacs - Live', registro de uma apresentação na Inglaterra. Depois vieram os problemas com drogas e prisões, que afetaram sua produção. Mas isso não foi o bastante para vencer o obstinado Gregory. Depois de um período irregular, quando lançou 'Victim' e 'Private Beach Party', ele retomou o ritmo frenético de antes.

Do seu trabalho com o produtor Augustus 'Gussie' Clarke resultou o ótimo 'Red Roses for Gregory', de 88, que o levou de volta às paradas com o hit 'Rumours'. O Dancehall já dominava a cena, mas o agora veterano Gregory encarava de frente a competição com a garotada e fazia bonito em discos como 'Dancing Floor' (lançado no Brasil), ' Unforgetable', 'I.O.U.', 'Call me Collect', 'No surrender', 'Pardon me', 'Dancehall Don' (foto ao lado) e 'Come Closer'. Gregory continua dando o que falar: ele resolveu cortar suas longas tranças (locks) para causar mais impacto com o seu CD 'Unlocked' (que parece ser uma brincadeira com a onda 'Unplugged'). Felizmente estamos longe de ver a sua aposentadoria. A voz mais aveludada do reggae continua em plena forma e suas criações se sucedem, no mesmo ritmo da sua juventude, levando em frente a lenda.

Letra Traduzida - Zimbabwe

18 de abril de 1980. aconteceu o momento mais importante da carreira de Bob Marley: o show que comemorou a independência do Zimbabwe (antiga Rodesia) do jugo colonial britânico, conseguida após uma luta sangrenta de libertação empreendida pelos guerrilheiros da ZANU. Esta guerra durou vários anos e teve como um de seus hinos principais a canção 'Zimbabwe', do mestre Marley. Hoje em dia circulam versões de que Marley inclusive teria conseguido armas para os rebeldes, que eram acossados tanto pelas forças rodesianas quanto pelas do então regime racista da Africa do Sul. Quando ficou claro que os guerrilheiros não se renderiam, foi feito um acordo que daria a independência ao país (que se tornaria membro da Comunidade Britânica de nações) em troca da retirada pacífica dos ingleses que residiam lá. A oficialização do tratado seria feita em uma grande cerimônia em que o Principe Charles representaria o antigo Imperio Britånico e acabaria com uma apresentação de Bob Marley e os Wailers.

Segundo a americana Dera Thompson, que esteve com os Wailers nesse dia e deu um depoimento emocionado para a revista The Beat: "Nós choramos e sorrimos e todos no estádio gritavam e cantavam. Era como se dissessem, nós vencemos, o Zimbabwe é nosso de novo! Não podíamos acreditar que era verdade. Depois houve 21 salvas de canhão, e nós a sentimos, 21! E esse foi o maior momento, o maior momento de nossas vidas."

Zimbabwe

Every man gotta right to decide his own destiny,


And in this judgement there is no partiality

So arm in arms, with arms, we'll fight this little struggle,

'Cause that's the only way we can overcome our little trouble.

Todo homem tem o direito de decidir sobre o seu próprio destino.

E este julgamento terá de ser imparcial

Então ombro a ombro, e armados, combateremos nesta pequena luta

Pois é a única forma de superar o nosso pequeno problema


Brother, you're right, you're right, You're right, you're right, you're so right!

We gon' fight (we gon' fight),

we'll have to fight (we gon' fight),

We gonna fight (we gon' fight), fight for our rights!


Meu irmão, você está certo, está certo, está certo, está certo, está tão certo!


Vamos lutar (vamos lutar)


Temos que lutar (temos que lutar)

Iremos lutar (iremos lutar), Lutar pelos nossos direitos!


Natty Dread it in-a (Zimbabwe);

Set it up in (Zimbabwe);

Mash it up-a in-a Zimbabwe (Zimbabwe);

Africans a-liberate (Zimbabwe), yeah.

Sendo Dread no (Zimbabwe);


Se assentando no (Zimbabwe);

Arrasando no Zimbabwe (Zimbabwe);

Os Africanos vão libertar o Zimbabwe (Zimbabwe), yeah.


No more internal power struggle;

We come together to overcome the little trouble

. Soon we'll find out who is the real revolutionary,

'Cause I don't want my people to be contrary


Sem mais lutas internas pelo poder ;

Vamos nos juntar e superar o nosso pequeno problema

Logo saberemos quem são os verdadeiros revolutionários,

Porque não quero ver o meu povo sendo contrário;

Repete Refrão


To divide and rule could only tear us apart;

In everyman chest, there beats a heart.

So soon we'll find out who is the real revolutionaries;

And I don't want my people to be tricked by mercenaries.


Dividir para governar pode apenas nos dilacerar;

No peito de todo homem, bate um coração

Logo saberemos quem são os verdadeiros revolutionários,

Porque não quero ver o meu povo sendo enganado por mercenários.

Baile reggae em São Luís - MA



Baile reggae em São Luís - MA

O reggae chegou, ficou, e precisa apenas ser mais estimulado, incentivado, para desabrochar cada vez mais. Sendo a música jamaicana a onda do momento, é também uma linguagem natural, e às vezes mais clara e objetiva do que outros ritmos musicais de hoje, sem mensagem nenhuma. O reggae leva a vantagem de ser compreendido e identificado por todos. Hoje ele representa um dos grandes recursos para a liberação da tensão tão freqüente no corpo humano, propiciando às pessoas momentos de satisfação interior e bem-estar físico e psicológico. A dança e o conseqüente ritmo do reggae estão entranhados no homem negro, no sangue, na cor e no swing desta raça tão musical.

Basta que se abra o coração e se ouça o reggae, para que seja despertado o íntimo das pessoas. Através da pulsação do grave cadenciado, o corpo todo será levado ao movimento por este ritmo inebriante. E, pela infiltração do som, o corpo se solta na pura expressão da alma que se deixa levar pela emoção latente do prazer de se mexer.

O conteúdo forte e pulsante do ritmo jamaicano está atraindo um número cada vez maior de adeptos, inclusive já está sendo ensinado como terapia corporal em academias de ginástica, não apenas em São Luís, mas por todo o Brasil, como no caso do casal dançante Naytty Nayfson Henrique dos Santos e Rosemary Rodrigues, ambos do bairro da Liberdade. Eles foram para São Paulo em 1988, especialmente para ensinar o gingado do reggae, que cada dia contagia mais e mais as pessoas que seguem ou dançando juntos, sentindo o molejo e a respiração cadenciada do outro, ou, como na Jamaica, separados, cada qual em seu próprio ritmo.

Há algum tempo a dança do reggae está sendo usada conscientemente por regueiros dançarinos profissionais, como no caso dos gêmeos Rômulo e Ramon (foto acima), de São Luís, que usam a música jamaicana como a forma de liberação da espontaneidade, dentro dos métodos mais modernos da terapia corporal.

O regueiro dançarino profissional deve motivar a criatividade de cada aprendiz, verificando as mudanças de nível do corpo em relação à posição do pé. Normalmente o aprendiz tem um pouco de medo de fazer, cabe ao profissional dar condições psicológicas, espaço físico e segurança, e saiba que o aprendiz não vai se machucar.

Para dançar o reggae rock, ou o reggae roots, é melhor dar os primeiros passos pela batida da bateria, não é preciso muita técnica, mas o regueiro, apesar de se basear na emoção que brota no sentimento, também deve se apoiar no estudo minucioso de movimentos, iniciando assim os primeiros passos para dançar o reggae.

Onde o reggae é a lei

O depoimento acima traduz um pouco do que significa a dança para a massa regueira do Maranhão. Mas como o ritmo jamaicano ganhou tamanha força e passou a ser dançado "agarradinho", como em nenhum lugar do mundo?

O livro "Da Terra das Primaveras à Ilha do Amor - Reggae, lazer e identidade cultural" do antropólogo Carlos Benedito Rodrigues da Silva (Editora da Universidade Federal do Maranhão, 1995) faz um estudo detalhado sobre o reggae no estado e é a melhor opção para quem deseja se aprofundar no assunto. Lá podem ser lidos raros depoimentos de disk-joqueis e proprietários de radiolas (grandes sistemas de som mecânico semelhantes aos sound-systems jamaicanos), que revelam como o reggae chegou ao Maranhão, em meados da década de 70, trazido pelo discotecário Riba Macedo,que, por sua vez, tinha sido apresentado ao ritmo por um vendedor de discos de Belém - PA.(Ras Alvim).

Naquela época os bailes maranhenses eram embalados por ritmos variados, como o forró e o merengue. O reggae passou a ser colocado no intervalo de músicas mais agitadas, a famosa "música lenta". Como as pessoas já tinham o hábito de dançarem juntas nessas horas, é natural que o reggae também fosse dançado assim. Outra origem apontada no livro para a forma maranhense de se movimentar ao som do reggae é a realização periódica de concursos de dança pelos clubes, que sempre premiavam duplas de dançarinos.

O ritmo logo foi eleito como o preferido pela maioria dos frequentadores dos salões e há mais de vinte anos segue com força no gosto local, imune aos modismos e sem sufocar outras manifestações musicais que formam a riquíssima cultura maranhense, como temiam alguns. Tal maneira de apreciar o reggae não só continua forte no Maranhão como está ganhando adeptos em estados vizinhos, como o Piauí e ajuda a fortalecer o movimento no Pará.