domingo, 24 de agosto de 2008

Baile reggae em São Luís - MA



Baile reggae em São Luís - MA

O reggae chegou, ficou, e precisa apenas ser mais estimulado, incentivado, para desabrochar cada vez mais. Sendo a música jamaicana a onda do momento, é também uma linguagem natural, e às vezes mais clara e objetiva do que outros ritmos musicais de hoje, sem mensagem nenhuma. O reggae leva a vantagem de ser compreendido e identificado por todos. Hoje ele representa um dos grandes recursos para a liberação da tensão tão freqüente no corpo humano, propiciando às pessoas momentos de satisfação interior e bem-estar físico e psicológico. A dança e o conseqüente ritmo do reggae estão entranhados no homem negro, no sangue, na cor e no swing desta raça tão musical.

Basta que se abra o coração e se ouça o reggae, para que seja despertado o íntimo das pessoas. Através da pulsação do grave cadenciado, o corpo todo será levado ao movimento por este ritmo inebriante. E, pela infiltração do som, o corpo se solta na pura expressão da alma que se deixa levar pela emoção latente do prazer de se mexer.

O conteúdo forte e pulsante do ritmo jamaicano está atraindo um número cada vez maior de adeptos, inclusive já está sendo ensinado como terapia corporal em academias de ginástica, não apenas em São Luís, mas por todo o Brasil, como no caso do casal dançante Naytty Nayfson Henrique dos Santos e Rosemary Rodrigues, ambos do bairro da Liberdade. Eles foram para São Paulo em 1988, especialmente para ensinar o gingado do reggae, que cada dia contagia mais e mais as pessoas que seguem ou dançando juntos, sentindo o molejo e a respiração cadenciada do outro, ou, como na Jamaica, separados, cada qual em seu próprio ritmo.

Há algum tempo a dança do reggae está sendo usada conscientemente por regueiros dançarinos profissionais, como no caso dos gêmeos Rômulo e Ramon (foto acima), de São Luís, que usam a música jamaicana como a forma de liberação da espontaneidade, dentro dos métodos mais modernos da terapia corporal.

O regueiro dançarino profissional deve motivar a criatividade de cada aprendiz, verificando as mudanças de nível do corpo em relação à posição do pé. Normalmente o aprendiz tem um pouco de medo de fazer, cabe ao profissional dar condições psicológicas, espaço físico e segurança, e saiba que o aprendiz não vai se machucar.

Para dançar o reggae rock, ou o reggae roots, é melhor dar os primeiros passos pela batida da bateria, não é preciso muita técnica, mas o regueiro, apesar de se basear na emoção que brota no sentimento, também deve se apoiar no estudo minucioso de movimentos, iniciando assim os primeiros passos para dançar o reggae.

Onde o reggae é a lei

O depoimento acima traduz um pouco do que significa a dança para a massa regueira do Maranhão. Mas como o ritmo jamaicano ganhou tamanha força e passou a ser dançado "agarradinho", como em nenhum lugar do mundo?

O livro "Da Terra das Primaveras à Ilha do Amor - Reggae, lazer e identidade cultural" do antropólogo Carlos Benedito Rodrigues da Silva (Editora da Universidade Federal do Maranhão, 1995) faz um estudo detalhado sobre o reggae no estado e é a melhor opção para quem deseja se aprofundar no assunto. Lá podem ser lidos raros depoimentos de disk-joqueis e proprietários de radiolas (grandes sistemas de som mecânico semelhantes aos sound-systems jamaicanos), que revelam como o reggae chegou ao Maranhão, em meados da década de 70, trazido pelo discotecário Riba Macedo,que, por sua vez, tinha sido apresentado ao ritmo por um vendedor de discos de Belém - PA.(Ras Alvim).

Naquela época os bailes maranhenses eram embalados por ritmos variados, como o forró e o merengue. O reggae passou a ser colocado no intervalo de músicas mais agitadas, a famosa "música lenta". Como as pessoas já tinham o hábito de dançarem juntas nessas horas, é natural que o reggae também fosse dançado assim. Outra origem apontada no livro para a forma maranhense de se movimentar ao som do reggae é a realização periódica de concursos de dança pelos clubes, que sempre premiavam duplas de dançarinos.

O ritmo logo foi eleito como o preferido pela maioria dos frequentadores dos salões e há mais de vinte anos segue com força no gosto local, imune aos modismos e sem sufocar outras manifestações musicais que formam a riquíssima cultura maranhense, como temiam alguns. Tal maneira de apreciar o reggae não só continua forte no Maranhão como está ganhando adeptos em estados vizinhos, como o Piauí e ajuda a fortalecer o movimento no Pará.

Um comentário:

Taís Sarturi disse...

Pô cara, muito legal esse seu texto hen parabéns